Seguidores

sábado, maio 05, 2012

Mães só morrem quando querem.


 

"Em geral as mães, mais que amar os filhos,
amam-se nos filhos".

                                     Friedrich Nietzsche


                             
Autoria do texto: Alexandre Pelegi
Publicado no livro: ACERTAR É HUMANO
                                         (2008, Editora Matrix).

Eu tinha 07 anos quando matei minha mãe pela primeira vez.
Eu não a queria junto a mim, quando chegasse à escola em meu
primeiro dia de aula.
Eu me achava forte o suficiente para enfrentar os desafios que a
nova vida iria trazer.
Poucas semanas depois, descobri aliviado, que ela ainda estava lá,
pronta para me defender, não somente daqueles garotos brutamontes
que me ameaçavam, como das dificuldades intransponíveis da tabuada.

Quando fiz 14 anos eu a matei novamente.
Não a  queria me impondo regras ou limites, nem que me impedisse
de viver a plenitude dos vôos juvenis.
Mas logo no primeiro porre, eu felizmente a redescobri viva.
Foi quando ela não só me curou da ressaca, como impediu que eu levasse
uma vergonhosa surra de meu pai.

Aos 18 anos achei que mataria minha mãe definitivamente.
Entrará na faculdade, iria morar em república, faria política estudantil,
atividades em que a presença materna não caberia em nenhuma hipótese.
Ledo engano.
Quando me descobri confuso sobre qual rumo seguir,
voltei à casa materna.
Único espaço possível de guarida e compreensão.

Aos 23 anos me dei conta de que a morte materna era possível,
porém requereria muita lentidão...
Foi quando me casei, finquei bandeira de independência,  e segui viagem.
Mas bastou nascer o primeiro filho para desobrir que o bicho mãe
se transformara num espécime, ainda mais vigoroso, chamado avó.

Apesar de tudo, continuei acreditando na tese de que a morte seria
bem demorada, e aos poucos fui me sentindo mais distante e autonômo,
mesmo que a intervalos regulares, ela reaparecesse em minha vida
desempenhando papéis importantes e únicos.
Papéis que somente ela poderia protagonizar...

Mas o final desta história, ao contrário do que eu sempre imaginei,
foi ela quem definiu.
Quando menos esperava, ela decidiu morrer.
Assim, sem mais nem menos, sem pedir licença ou permissão.
Sem data marcada ou ocasião para despedida,
minha tese de morte bem demorada ruiu.
Ela simplesmente se foi, deixando a lição que mães não são para sempre.
Ao contrário do que sempre imaginei, são elas que decidem o quanto
esta eternidade pode durar em vida, e quando fica delegado
para o etéreo terreno da saudade...

Não sei se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas descobri que devemos amar as pessoas enquanto elas estão por aqui...
É por isso que temos que amá-las sempre!
O vazio que fica, nunca conseguiremos preencher...

Para quem ainda a tem ao seu lado, AME-A.
Não espere ela partir, para lhe dar Amor.

E para quem já não a tem mais ao seu lado...
Feche os olhos e faça uma prece.
Agradeça a Deus pela vida que teve ao lado dela.

Ficou algo pendente?
Alguma culpa?
Conte tudo, tudo a Deus e peça a Ele que te perdoe.

"Ele é o que perdoa todas as iniquidades,
que sara todas as tuas efermidades".
                                                              Salmo 103,3

Guarde suas lembranças no mais precioso dos baús...
Onde ela estiver, Deus lhe dará o recado.




                                                              ...................................


                                            




Um comentário:

  1. Este texto tem autor: ALEXANDRE PELEGI.
    Está publicado no livro ACERTAR É HUMANO (2008, Editora Matrix).
    Favor dar o devido crédito. Aguardo resposta.
    alepelegi@gmail.com

    ResponderExcluir

Nada é pequeno e sem valor, quando é feito com Amor!
Fico muito, muito feliz quando você deixa um comentário.