Marcos Ribeiro,
professor e consultor em educação sexual no Rio de Janeiro, é autor de Tribo
Adolescente, em consultoria com o ator David
Lucas (18); Conversando com seu Filho Adolescente Sobre Sexo (Ed. Planeta)
e Somos Iguais Mesmo Sendo Diferentes! ( Ed. Moderna)
e Somos Iguais Mesmo Sendo Diferentes! ( Ed. Moderna)
É a baixa autoestima que
produz
e alimenta as relações doentias
Quando um dos parceiros não se ama e se respeita, não pode exigir que o outro ame e respeite. Pessoas assim acabam entrando em relações que rapidamente descambam para a agressividade, para a humilhação. A única maneira de mudar o panorama é a transformação deste parceiro, de dentro para fora, de forma que passe a se valorizar para, consequentemente, ser valorizado.
“ O que será que será/ Que dá dentro da gente e
que não devia/
Que desacata a gente, que é revelia/ Que é feito uma aguardente
que não sacia...”.
A letra da música O que Será, ou Á
Flor da Pele, do compositor e cantor Chico
Buarque (68),
nos vem à mente quando pensamos no que se passa com pessoas
que insistem em relações tóxicas, doentias, permeadas de humilhação e cobranças
sem propósito, relações nas quais um dos parceiros não está “nem aí” para o
sentimento do outro.
Um
relacionamento não pode dar certo
quando se perde o respeito pelo outro ou por
si mesmo,
afinal, não podemos exigir de ninguém sentimentos que não temos por
nós.
A autoestima é a “mola mestra” para uma relação seguir em frente.
Sem ela, nada
de bom acontece.
Nem é preciso ir a cartomante mais famosa,
para saber: é certo
como 1 + 1 = 2.
Na relação amorosa é necessário gostar de si,
porque ninguém
pede o que não tem e nem dá o que não pode.
Como uma pessoa pode dar amor se
falta nela?
Amor é troca.
Se só um dá é dependência.
E, quando um depende, é
porque algo precisa ser revisto.
Quanto mais um permite que o outro
desvalorize e o desrespeite,
mais a relação e os sentimentos perdem a força,
até que esta se esvai totalmente.
E, quanto mais baixa esta a autoestima, mais
difícil será elevá-la.
Quem deixa a situação chegar ao fundo do poço
precisa
juntar todas as suas forças para levantar a cabeça,
e procurar novos ares.
Abandonar a relação doentia é fundamental
para que a pessoa
humilhada restitua o amor próprio.
Só assim ela se fortalecerá para encontrar
alguém que a faça feliz.
Não adianta ficar se perguntando
“ o que existe em mim que estimula tanto desafeto,tanta agressão?” .
Muitas vezes a pessoa que agride vê na outra pessoa um espelho
que reflete a
sua própria imagem, ou melhor,
aquilo que ele teme e não entende em si mesmo.
Então, já que não pode fugir de si, ela foge do parceiro;
já que não pode
brigar consigo, ele o agride.
O que fazer
quando a gente se encontra nessa situação?
Antes de mais nada, é preciso
melhorar a autoestima, e o respeito por si mesmo.
Ninguém vai gostar de alguém
que não gosta de si.
É necessário de pensamentos tipo:
"Como alguém pode querer uma porcaria como eu,
se nem quem eu amo
tanto, me quis?’
Quando se chega a esse ponto, é urgente tomar uma atitude.
Essa atitude inclui rever esse amor doente, seja para tentar curá-lo,
seja pra
pensar para a frente, em outras possibilidades.
Ninguém sente atração por uma
pessoa que exala tristeza,
baixo astral e mau humor
Depois dessa primeira
sacudida, é necessário acreditar na própria capacidade
e sentimentos, lembrar
que dentro de cada um de nós
tem sempre um pedacinho capaz de se erguer nas
mais adversas situações.
Repetir como um mantra: “Eu sou
capaz de mudar!’’.
Esse
exercício oxigena a autoestima e resgata o respeito por si.
É fácil? Não.
São mudanças de dentro para fora.
Mas só implementando-as podemos mudar o modo
como o outro nos vê.
Se estivermos felizes, se nos amarmos, podemos doar amor
e
parar de exigir que nosso amor próprio seja constituído
como o da pessoa amada.
Ele ou ela poderá ir ou ficar, mas, se ficar,
ficará de forma mais harmônica e
equilibrada.